Filho Amado comenta sobre o filme Mikey 17 - 2025
Nesse filme conhecemos a história de Mickey, um rapaz que, para fugir de um terrível agiota, se candidata a uma viagem espacial com o cargo de "descartável". Suas lembranças são guardadas em um tipo de modem, e ele é clonado, tendo suas memórias reinstaladas no novo corpo. Isso lhe dá a possibilidade de realizar tarefas mortais e "reencarnar" sempre que morre.
Tudo ia bem até que Mickey 17 (sim, ele morreu e reencarnou 17 vezes) sobrevive a uma morte certa. Seus comandantes, acreditando que ele havia morrido, ativam seu próximo clone, o Mickey 18. Mas Mickey 17 retorna ao seu quarto e encontra sua duplicata. Agora, os dois Mickeys precisam se esconder para não serem delatados e executados, já que duplicatas são proibidas na missão.
Comentário
Uma curiosidade interessante: vemos no filme um posicionamento político bastante exposto sobre religião. Os antagonistas, inescrupulosos e egocêntricos, oram e louvam de maneira excêntrica e exagerada. Em certo ponto, Kenneth Marshall, o capitão interpretado por Mark Ruffalo, acaba revelando que a expedição interestelar foi financiada não por uma empresa, mas por uma igreja — corrigindo-se logo em seguida. No livro que deu origem ao filme, em nenhum momento percebi essa referência.
O filme é bem incômodo de assistir — e acredito que essa foi a intenção do diretor Bong Joon-ho. Robert Pattinson traz ao protagonista Mickey 17 uma aparência deprimente e até nojenta, o que gera certa repulsa ao vê-lo. Curiosamente, quando ele interpreta Mickey 18, com uma postura mais decidida e corajosa, nosso sentimento em relação a ele muda, trazendo uma certa admiração. Como as ações de uma pessoa podem mudar completamente a forma como a enxergamos?
As criaturas rastejantes, da mesma forma, no início são tão grotescas que mal conseguimos olhá-las. No final, depois que as conhecemos melhor, sentimos até uma simpatia por elas.
Mais uma vez, será que esse não era o sentimento que o diretor queria provocar?
Será que não estamos, aos poucos, normalizando mortes todos os dias nos noticiários? Quantos “Mickeys” não estão morrendo em hospitais, no trânsito ou vítimas de violência doméstica?
Será que não podemos fazer algo para evitar essas mortes? Trazer uma palavra de Deus? Um conselho?
Será que não estamos tratando essas vidas como descartáveis?
Vamos mudar?
Nota: 7
Para ver minha desenhos sobre o livro MICKEY7 - EDWARD ASHTON
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