Filho Amado fala do filme Substância (2024)

Fiquei muito receoso de fazer a resenha deste filme. Além de ser extremamente desconfortável de todas as maneiras possíveis, ele contém cenas inapropriadas para menores de idade, com nudez explícita e violência extrema.

Elisabeth Sparkler é uma estrela da TV que apresenta um programa de exercícios todas as manhãs. Ela exibe seu corpo em posições extremamente reveladoras, garantindo grande audiência e alegrando seu produtor, Harvey, um homem machista e ganancioso.

Certo dia, Elisabeth ouve Harvey reclamando de sua aparência, o que a deixa profundamente abalada. O produtor decide então demiti-la.

Desnorteada, ela sofre um acidente de trânsito e vai parar no hospital. Lá, um enfermeiro lhe apresenta a "substância", um produto que promete trazer sua beleza ao auge e restaurar sua juventude.

Assim, Elisabeth se transforma em Sue, sua versão mais jovem e atraente, conseguindo recuperar tanto seu emprego quanto sua autoestima. Mas será que realmente recuperou?

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Este é um filme absurdamente incômodo, mas do tipo que todos deveriam assistir para abrir os olhos.

O que a sociedade está exigindo das pessoas?
Uma beleza extraordinária, fora do comum? Adoramos corpos perfeitos? Vidas perfeitas que não existem?

O corpo perfeito não pode envelhecer, pois, quando isso acontece, descartamos como lixo, como cascas de camarão.

O que mais incomoda no filme é perceber que, de certa forma, somos como o terrível produtor Harvey.


O corpo "imperfeito", com celulites e cicatrizes, nos incomoda. Tentamos evitá-lo. Essa exigência estética não é apenas imposta aos outros, mas a nós mesmos.

Fugimos do envelhecimento como loucos, pois acreditamos que não seremos aceitos. Queremos nossos 18 anos para sempre, mesmo que o preço seja a própria vida.

Cada cena, mesmo as mais simples, carrega essa mensagem. No começo do filme, por exemplo, vemos a estrela na Calçada da Fama — antes, um memorial de adoração, agora esquecida, com pessoas passando por cima de seu nome sem notar. Todos somos esquecidos.

As cenas de nudez explícita da protagonista, que muitos podem considerar desnecessárias, na verdade reforçam a ideia de que, mesmo sendo linda aos 50 anos, ela escondia suas imperfeições. Quando toma a substância, enfrenta uma dor repugnante e quase insuportável, lembrando muito a transformação em O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson.

A perfeição exterior é restaurada, tudo fica no lugar, e a adoração ao corpo volta ao auge.
O mais interessante é que Elisabeth, em vez de sentir raiva do produtor por tê-la desprezado, ao se tornar Sue, sente-se feliz em agradá-lo com seu novo corpo.

Isso causa uma angústia e um senso de injustiça enormes.

Os exageros de sua nova aparência e personalidade geram desconforto, pois vemos a protagonista repetindo os mesmos erros.

Cuidado: spoilers

A luta entre suas duas personalidades é estranha. Mesmo quando Elisabeth se torna grotesca, ela não é o verdadeiro monstro. Acabamos sentindo pena dela. O verdadeiro monstro é a jovem Sue, com sua beleza e aparente doçura, representando o ideal do corpo perfeito.

O filme é extremamente angustiante. Não consegui assisti-lo de uma só vez, precisei pausar várias vezes para respirar e analisar. Em alguns momentos, quase desisti.

A atuação de Demi Moore é fascinante; sua entrega ao personagem é inigualável. No entanto, o filme perde a mão no final, tornando-se grotesco de uma forma exagerada, o que considero uma falha grave. Isso me lembrou muito o desfecho de A Mosca (1986).

Vivemos hoje em uma sociedade que idolatra o corpo mais do que nunca. Com câmeras em todos os lugares, nos tornamos viciados em sair bem nas fotos.

A Palavra de Deus nos alerta sobre isso:

Romanos 1:24-25 (NTLH)
24 Por isso, Deus entregou os seres humanos aos desejos do coração deles para fazerem coisas sujas e para terem relações vergonhosas uns com os outros. 25 Eles trocam a verdade sobre Deus pela mentira e adoram e servem as coisas que Deus criou, em vez de adorarem e servirem o próprio Criador, que deve ser louvado para sempre. Amém!

Nota: 8,9



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